"Então, comeu kibe cru e sentiu a vida nascer. Desse dia em diante tomou gosto pela vida e só passou a comer..." (Trio Mocotó)



terça-feira, 3 de agosto de 2010

Pedra sobre pedra no Irã

Ginko Biloba

Galera, sinto muito pela ausência. Sei que faz tempo que o blog está devendo, mas pretendemos retomar o movimento... parece um círculo vicioso, como deixar de ir à academia visitar os amigos... começa com uma falta de tempo hoje, uma preguiça amanhã... aí já viu. O remédio? Publicar informações mesmo que não tão pertinentes, mas voltar ao velho "hábito" de escrever.

Há algumas semanas tenho ouvido o Jabor reclamar do Lula não fazer nada para ajudar uma mulher que foi condenada no Irã a ser morta por apedrejamento pois "traiu" seu marido, namorando dois homens depois que virou viúva.

Pois é exatamente isso. Depois da morte do marido ela namorou dois homens e foi condenada à morte. Existem campanhas por todo o mundo para que ela não seja morta. A campanha no Brasil era para que o Lula ligasse para seu novo amigo e pedisse compaixão pela mulher. Era #ligalula no twitter e em toda a rede.

Até que o Lula ligou, posou de bonzinho, mas o Irã não aceitou o pedido de que ela fosse exilada no Brasil. Imagino o que os iranianos (autoridades que negaram o pedido) devem ter pensado:

- Mas é claro que não! Ela deve ser punida pelo crime que cometeu. Como punir uma adúltera mandando-a para o Brasil, ver aquele desfile de corpos infiéis na praia, com bundas, peitos e homens sarados... ela vai estar no paraíso e não ardendo no mármore do inferno, que é o lugar dela.

Deve ter sido algo assim. Mas o que eu realmente queria escrever não era isso. É claro que eu sou contra a pena de morte. Mais contra ainda a uma morte cruel como essa, apedrejada. Mais ainda contra o fato de ser a população a apedrejar a ré/vítima (quem jogará a primeira pedra?). É claro que essa lei é absurda. Que num mondo como o de hoje isso é impensável. Mas é mesmo? Todo e qualquer julgamente que a gente faça daqui não pode ser considerado imparcial. A gente está vendo tudo pela nossa ótica. A ótica de um lugar onde gente pelada na televisão é normal, onde as pessoas fazendo sexo e se exibindo na internet (crianças!) é tratado como indiferente, onde as pessoas são mortas e jogadas aos cachorros...

O que quero colocar é que, apesar dos pesares, apesar de todos os absurdos, ela sabia onde estava, sabia que estava desrespeitando uma lei. Será que é injusto (ou anti-ético) aceitar que o Estado iraniano se preocupa que mudar essa situação (por mais cruel que eu possa parecer) acabaria passando uma imagem de humanitarismo para o resto mundo, mas de impunidade para o resto do Irã?

Nenhum comentário: