"Então, comeu kibe cru e sentiu a vida nascer. Desse dia em diante tomou gosto pela vida e só passou a comer..." (Trio Mocotó)



quinta-feira, 10 de junho de 2010

Saramago se encontra com Deus. Ou não

caco modula

Coisas de estagiário: um jovem mancebo com quem trabalho sugeriu o nome de um novo livro, “Ensaio sobre a gagueira”, para homenagear alguém do nosso convívio diário. A brincadeira surgiu depois de comentarmos algo a respeito do “Ensaio sobre a cegueira”, um livro que virou filme e teve grande repercussão.

“Ensaio sobre a cegueira” foi um dos muitos livros escritos por José Saramago, de quem já falei algumas vezes por aqui. Polêmico, pessimista de primeira, com um sarcasmo de alto nível, o escritor português causou grandes discussões com muitas de suas obras. Sou fã.

Mas como acontece a todos os meros mortais, hoje foi a vez dele, Saramago. Morreu aos 87 anos, na Espanha, onde morava, e deixou o mundo mais burro, mais sem graça, menos polêmico.

Depois de escrever sobre as brigas entre Deus e Caim, Deus e o Diabo, Deus e todo mundo, chegou a vez dele de brigar com o Senhor. Talvez diga que nunca imaginou que fosse tão simples, ou tão pomposo. Pode ser que questione os tantos anjos bajulando o Senhor, ou fique admirado por não haver luxo algum. Ou talvez simplesmente estale os dedos e diga: eu sabia, deus não existe.

De qualquer forma, ele deixou por aqui universos literários sólidos, um estilo extremamente peculiar, com parágrafos longos, pontuação própria e narrativas densas. Mesmo assim, foi lido por milhares, milhões, sua obra ultrapassou os limites das páginas e foi para o cinema. E ele ganhou o mundo. Ou foi o mundo que ganhou?

Agora, vencido, Saramago não vai causar novas polêmicas, não vai fazer novas críticas à Igreja ou a Deus. Infelizmente.

Um comentário:

Serginho do Alambrado disse...

Maravilha! Mas é uma dúvida certeira mesmo: oq ue será que ele disse a Deus quando este O encontrou? E vice-versa?