"Então, comeu kibe cru e sentiu a vida nascer. Desse dia em diante tomou gosto pela vida e só passou a comer..." (Trio Mocotó)



quarta-feira, 20 de maio de 2009

Na reforma não é permitido (se) lixar

caco modula

Uns se lixam para o futebol, outros, para as regras de trânsito. Há aqueles que se lixam para o que as pessoas vão dizer e os que se lixam para a opinião pública.

Por enquanto, a única coisa que me irrita nessa história toda é um senhor que foi reformar o apartamento em frente ao meu e lixou toda a parede, inclusive do corredor – espaço comum –, deixando o pó tomar conta do local. O pior: ele não limpou nada. Depois de lixar tudo, ele se lixou para a sujeira.

Agora, até que alguém se mude para o apartamento lindo, reformado e sujo, a poeira branca fica voando de um lado a outro. Parece que está sempre procurando o vão embaixo da porta do meu apartamento pra entrar e me atormentar.

Pano molhado pra cá, pano molhado pra lá. E nunca fica completamente limpo. N-U-N-C-A.

Não bastassem as idas e vindas do pó, o cheiro de tinta insiste em ficar por todo o apartamento. Se vou para o quarto, cheiro de tinta. Na sala, tinta. Cozinha, tinta. Reformas geralmente são boas, mas causam um transtorno grande.

E se existe uma reforma que não agradou muito, foi aquela proposta para tornar a língua portuguesa mais simples. Em Portugal, por exemplo, a população está pedindo que o governo se manifeste contrário às mudanças. O país já assinou o novo acordo ortográfico, mas ainda não iniciou o processo de transição.

Será que as mudanças vão mudar novamente? A reforma continua ou não? O Brasil é o único país que já adotou, ainda que transitoriamente, as novas regras. Algumas pessoas já conseguem escrever tranquilamente sem trema, não se assustam com a ideia de tirar o acento agudo de algumas palavras e acham que tirar o hífen (para mim, o grande vilão do nosso idioma) em certas ocasiões vai facilitar.

Logo agora que eu estava até me acostumando! Mas acho que a reclamação não vai pegar. O governo português parece estar se lixando para o abaixo-assinado (com ou sem hífen?) feito pela população. Assim como os governantes brasileiros se lixam para o que nós, cidadãos comuns, precisamos de verdade.

E enquanto a língua portuguesa fica no centro das discussões (pelo menos em Portugal. E só entre algumas pessoas), por aqui nós vamos acompanhando, pelos veículos de comunicação, as roubalheiras de nossos vereadores, prefeitos, deputados, senadores... E ficamos torcendo para que uma reforma política aconteça. Mas rezando para não sobrar pó branco para todos os lados nem o cheiro de tinta impregnando toda a casa.

Começa assim, depois piora!

Por hoje é só.

Um comentário:

O_Reclamista disse...

Excelente texto, muito oportuno para o momento que vivemos, ortografica e politicamente falando....kkkkkkkkk.

Nesse link tem um pouco mais da minha opinião sobre o assunto.

Parabéns pelo blog e sucesso.

Abraços

O_Reclamista