"Então, comeu kibe cru e sentiu a vida nascer. Desse dia em diante tomou gosto pela vida e só passou a comer..." (Trio Mocotó)



quarta-feira, 28 de maio de 2008

A função cronômetro do celular

ginko biloba

Imaginem a cena:

Estava eu em um cartório, esperando na fila para tirar uma cópia autenticada de um documento e ouvi a conversa de quem já estava sendo atendido.

- O endereço é Rua Frorianópolis, número X. O CEP, eu não sei de cor - diz um senhor de aparência humilde à atendente do cartório, enquanto tratava de um contrato de aluguel.

- Rua Florianópolis?- indaga a funcionária, na tentativa de confirmar o endereço.

- É! Frorianópolis!- confirma o húmil senhor.

Quando tudo parecia resolvido, a pergunta crucial:

- E o endereço do locatário?

Quando aquelas palavras saíram da boca da atendente o senhor engoliu seco. Começou a suar frio, tremer as mãos e depois de uma gaguejada ele respondeu titubeante:

- Eu, eu não sei o endereço dele não. Precisa é?

- Precisa! – diz a mulher do outro lado do balcão.

E quando tudo parecia perdido, aquele senhor que falava errado, de aparência simples, e que negociava seu contrato de aluguel em um bairro modesto colocou a mão no bolso e com o sorriso de quem encontra uma nota de R$20,00 esquecida no bolso da última vez que usou a calça e já tinha dado como perdida, ele saca um telefone celular, com câmera de 1.3 megapixel, Bluetooth, visor colorido, sincronização com computador, infra-vermelho e mais utilidades que um BomBril.
E acaba dizendo:

- Se precisa do endereço, eu descubro já!

celular não moderno (ao menos tem cronômetro)


Quando estudamos comunicação, aprendemos que a impressão que todo mundo tem de que o tempo está passando cada vez mais rápido se deve ao excesso e à velocidade na qual a informação chega até nós. Isso é vivido diariamente por nós (nós 4 do Boca Livre, especificamente) quando temos a pressão de manter o blog atualizado para vocês, pois sabemos que um dia de atraso pode significar que muitos de vocês não acessarão mais a nossa página graças às informações desatualizadas. Mas o que eu gostaria de refletir é sobre outro fator que contribui para que isso ocorra e que não parece que vai sumir tão cedo, se é que vai! A telefonia celular.

Hoje, quando precisamos de alguma coisa, é só passar a mão no celular e falar com quem quiser. Quando não há crédito, um toque resolve. Quando está desligado, mandamos uma mensagem de texto para que a pessoa retorne o quanto antes, e assim contribuímos para que o tempo seja sempre mais curto do que realmente é.

Antes um privilégio de poucos, hoje quase todo mundo tem celular, pelo menos no Brasil. E não é exagero. As pessoas estão optando por ter um telefone celular ao invés de um telefone fixo. Não tem assinatura básica, por ele podemos conversar, escrever, ler e, para alguns, até acessar a internet, usar como agenda, de telefones e de compromissos. É que chamamos de convergência.

Estou neste momento rodeado de informações sobre isso. Quando a bateria acaba, a expressão em inglês é “my cell phone died” ou “meu celular morreu”. Ontem, eu fiquei sem bateria. Hoje, no trabalho, dois colegas não atenderam ao celular. É o suficiente para gerar uma crise organizacional, ou uma tempestade em um copo d’água. Enquanto o tempo passa cada vez mais rápido, parece que quem morre não é o celular, somos nós.

4 comentários:

Finito Carneiro disse...

Putz, cara! Falou tudo!

Eu que tou sem celular, não to me aguentando... E não é coisa de filinho-de-papi ou madamezinha que não consegue ficar sem celular... é coisa útil mesmo!

Nessa semana que passei sem celular, percebi que é horrível viver sem ele. E para as milhões de pessoas que tentaram falar comigo também... não dá mais pra viver sem celular.

É isso aí, quem quiser marcar uma entrevista, agora só por email mesmo... desculpem!

Anônimo disse...

Ficar sem um celular hoje é quase que se isolar do mundo!
Qualquer um tem e eles são meio de comunicação, agenda,despertador...
Realmente não tem como ficar sem!

Anônimo disse...

Eu vi mta honestidade nesse texto principalmente qdo dizia q vcs tem q manter o site atualizado.. de fato.. qdo eu entrei aki ontem pela manhã quase surtei por naum ter encontrado um textinho novo hehehehe a dor sentida foi mto maior q a suportada no dia q perdi meu cel.. hehehehehe bom, adoraria tecer mais comentarios e de preferencia inteligentes.. mas meu cel tah tocando rá rá.. licença por favor!

ps: adorei o texto!

Amanda Medeiros disse...

Celular....é uma maldição necessária neste mundo moderno.
O meu nem é tão moderno assim, mas é super necessário.
MSN, ORKUT, YOUTUBE... se você não entende esses programas, você também praticamente não existe, e como muitas pessoas do mundo real são pautadas pelo mundo virtual, é preciso estar cada vez mais antenado, e como isso a gente vai criando extensões para um corpo, um “eu” que não existe e que cada vez mais, nos mutila.
(veja meus exemplos: quando ficamos sem net, não tem trabalho; quando estou a pé, não vou à lugar algum; sem telefone, não falo com ninguém-> menti nessa, hahaha eu sempre falo pacas!)