"Então, comeu kibe cru e sentiu a vida nascer. Desse dia em diante tomou gosto pela vida e só passou a comer..." (Trio Mocotó)



quinta-feira, 7 de maio de 2009

No Congresso, a Lista dos Horrores

caco modula

Democracia é uma forma de organização social e política em que os cidadãos participam diretamente do processo de tomada de decisões. Eu sei. Essa definição pode ser bastante simplista, mas reproduz, basicamente, como o sistema democrático funciona. Ou, pelo menos, como deveria funcionar.

O Brasil se diz um país democrático. Mas, na prática, a teoria é outra. Já está em discussão no Congresso Nacional a proposta de voto em lista. A ideia dos nossos parlamentares é criar uma lista pré-ordenada de nomes que assumirão o poder caso o partido receba um determinado número de votos. Isso significaria que não votaríamos mais nos candidatos e, sim, nos partidos.

De certa forma, isso até já acontece. Um exemplo prático: o candidato do Partido A recebe 80 mil votos. Não precisaria de todos eles para ser eleito. Os votos a mais são direcionados para outros candidatos do mesmo partido ou coligação partidária. Em contrapartida, o candidato do Partido B que recebe 30 mil votos (que seriam suficientes para ser eleito) perde a eleição porque representa um partido menor.

Mas, voltando ao voto em lista. Imagine que você é um senador ou o líder de um partido. Você vai fazer a lista dos futuros representantes do povo no Congresso. Quem você indicaria? Os bons políticos, honestos e que querem o bem do país? Ou quem pagar mais? Quem você gosta mais? Quem fizer mais favores para você?

Lembre-se de que estamos no Brasil. Portanto, pensar em honestidade dos políticos, via de regra, é quase uma utopia. O voto em lista, a priori, beneficia os grandes, não permite a renovação de políticos e abre as portas para um certo tipo de nepotismo, talvez velado, mas não menos prejudicial ao sistema democrático que o Brasil tanto lutou para conseguir.

Ah! Algum tempo atrás, o companheiro blogueiro Finito registrou aqui que não votará mais em salafrários, referindo-se aos parlamentares que utilizaram verbas públicas para fazer viagens internacionais nem sempre (ou quase nunca) relacionadas ao trabalho político. Parece que está cada vez mais perto de conseguir manter o propósito: em vez de votar nos salafrários, vai votar no partido e deixar que os salafrários se indiquem para nos salafrariar.

Começa assim, depois piora!

Por hoje é só.

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